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07/06/2018 09:25

Círculo vicioso

A Greve dos Caminhoneiros abriu espaço para os  arautos das soluções autoritárias colocarem as mangas de fora. E aí estão eles, em profusão, fazendo vigília em frente aos quarteis e propondo uma pomposa intervenção cívico militar que nada mais é do que um Golpe de Estado.

Em nossa Constituição o regime político do Brasil é cláusula pétrea, portanto imutável. Além do mais, atentar contra ele constitui crime previsto na Lei de Segurança Nacional.

 

Não esqueçam que os defensores dos regimes autoritários são também autoritários, pois são eles que não admitem as soluções de consenso e se acham donos absolutos de suas verdades e querem que o mundo seja governado por simplórias soluções.

 

O caminho autoritário foi trilhado pelo Brasil em duas oportunidades: no Estado Novo e no Golpe de 1964.  As primeiras coisas que perecem neste regime são as liberdades individuais e de opiniões. E as torturas, censuras, perseguições, mortes e deportações viram rotina.   

O que precisamos é de soluções viáveis que somente a democracia pode nos oferecer, como já oferece para a maioria do mundo civilizado

O feroz Estado Novo desaguou na deposição do ditador 07 anos depois. Onde, entre outras formas de tortura, uma delas era colocar nas vaginas das mulheres prisioneiras políticas buchas embebidas em cremes picantes  de mostarda. E o Chefe de Polícia alegava desconhecer o que acontecia no andar de baixo. (O Homem Mais Perigoso do Brasil - R. S. Rose - Editora Civilização Brasileira (2017).

 

Do Golpe de 1964, de perfil semelhante e muito mais longo (21 anos), resultou numa instabilidade política e econômica (plano cruzado, confisco da poupança, plano real e no PT) e suas maléficas consequências. O que resolveu ou deu a impressão de resolver: nada.

 

Nenhum País do mundo resolveu os seus problemas com ditaduras. A impressão de que elas resolvem alguma coisa é falsa. É bom que não se esqueçam de que Hitler (um ex-cabo) não foi fruto do acaso. Ele surgiu depois do caos gerado da deterioração política e econômica da Alemanha, após a 1ª Grande Guerra, que resultou num dos regimes mais sangrentos que a história já registrou. E por aqui um ex-militar de maior patente que o ditador alemão pleiteia à Presidência da República.  

 

É bom ter cuidado e cautela com os arautos do autoritarismo (de direita, de esquerda, ou seja, lá de onde for) liderados por grupos e/ou salvadores da pátria! O que eles pregam é puro retrocesso. O povo que teria ido as ruas em 1964 foi o mesmo - que em maior quantidade - foi a essas mesmas ruas pedir o fim do regime militar. Lembrem-se dos monumentais comícios das eleições diretas para Presidente da República! Este fato é omitido de propósito pelos trombeteiros da ditadura.

 

A história existe para que apendamos a não cometer os mesmos erros.  “Um povo que não conhece a própria história está condenado a repeti-la” (Edmund Burke). Karl Mark dizia: a história se repete da 1ª vez  em forma de farsa e da 2ª em forma de tragédia. E se aqui ela já repetiu por duas vezes (Estado Novo e Golpe de 1964) e a terceira será certamente em forma de caos.

 

O que precisamos é de soluções viáveis que somente a democracia pode nos oferecer, como já oferece para a maioria do mundo civilizado. É ela (a democracia), que apesar de tudo, está possibilitando passar o País a limpo.  Não podemos mais continuar repetindo equívocos e erros. Que Deus nos ilumine e nos livre do arbítrio.

 

RENATO GOMES NERY é advogado em Cuiabá. E-mail – [email protected]


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