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17/05/2023 08:10

Transar no mesmo quarto em que o filho dorme pode gerar traumas

Depois do nascimento dos filhos, a rotina de um casal muda completamente, e o que era uma vida a dois, vira a três, a quatro e por aí vai… Nos primeiros meses ou anos de vida da criança, é muito comum que ela durma no mesmo quarto que os pais, até mesmo por motivos de segurança. Em meio a tantas preocupações, sexo é a última das prioridades, e pode levar um bom tempo para que a vida conjugal volte à normalidade.

Para tentar manter a chama acesa, alguns casais aproveitam o momento em que os filhos estão dormindo para manter relações sexuais no quarto. Mas especialistas consultadas alertam que isso não deveria acontecer, nem com a criança dormindo e, muito menos, com ela acordada ou se estiver deitada na mesma cama, pois pode desencadear traumas, ainda que seja um recém-nascido.

“‘Ah, mas as crianças não entendem o que está acontecendo’. Realmente, e o fato de elas não entenderem é exatamente o motivo pelo qual os pais não deveriam fazer sexo perto dos filhos”, afirma Claudia Petry, pedagoga e especialista em Educação para a Sexualidade. “Nenhum pai ou mãe colocaria um filme de terror, por exemplo, para um bebê assistir. E por que, já que a criança não entende nada? Porque existem os sons, as imagens…”.

O sexo se trata de um momento íntimo do casal, e mesmo que a criança, principalmente se for pequena, não consiga entender o ato em si, ela é capaz de perceber movimentos, barulhos e sensações diferentes, o que pode deixá-la angustiada. É o que reforça a médica Danielle H. Admoni, psiquiatra da Infância e Adolescência e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

 

“E muitas vezes, a gente vê crianças que flagram os pais ou assistem a alguma cena de filme e enxergam aquela situação como uma violência, ao ver as pessoas se mexendo, gemendo, fazendo barulho. Elas não devem ter contato com relação sexual nem presencialmente e nem por vídeo ou televisão”, reforça Danielle.

Não existe um consenso entre os estudiosos para avaliar os impactos diretos dessa conduta para as crianças. Para a psiquiatra, é difícil listar as consequências no futuro; o que é possível afirmar é que aquele momento será angustiante para o pequeno por estar vivenciando algo novo, visto por ele, muitas vezes, como violento ou perigoso, dadas as intensidades dos sons e movimentos.

Já a pedagoga Claudia Petry é mais categórica. “As crianças têm medo daquilo que não conhecem. Quando elas têm essa percepção ambiental, muitas delas, em vez de reclamar ou questionar o que era aquilo, vão se manter em silêncio por medo. E só esse medo já pode traumatizar uma criança”, pontua.

“E se não bastasse isso, algumas crianças podem naturalizar o ocorrido, o ato sexual, e assim, podem ser mais propensas a abusos e à violência sexual, por acreditarem que é algo normal, que é uma carícia ou uma coisa que duas pessoas que se gostam fazem…”.

Ela conta que muitos pacientes rechaçam a ideia de sexo ou têm dificuldades de manter relações sexuais, por recordarem de, na infância, estarem no mesmo ambiente em que os pais transavam ou terem flagrado esse momento íntimo.

Transar no mesmo quarto em que o filho dorme pode ser considerado abuso?

Existe no Código Penal Brasileiro um dispositivo que proíbe “praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem”, sob pena de dois a quatro anos de reclusão. Trata-se do artigo 218A inserido no Decreto Lei nº 2.848, de 07 de Dezembro de 1940.

As especialistas lembram que, neste caso, se aplica a questão do dolo, isto é, se, de fato, existe uma intenção de realizar o ato na frente do menor de 14 anos, buscando a própria satisfação. “Mas a gente não tem que se basear só na lei, também tem que se basear no bom senso. Seria uma forma indireta de abuso, digamos assim”, opina Danielle H. Admoni.

Qual a solução? Como explicar a situação para a criança?

Dormir em quartos separados nem sempre é a solução, principalmente em casos de crianças mais novinhas ou em que a casa tem apenas um cômodo. O melhor caminho, portanto, é tratar a sexualidade como algo natural. Ou aproveitar os momentos em que os filhos não estão em casa. Mentir nunca deve ser a saída.

“Um bom jeito de saber até onde a criança consegue entender é ir perguntando para ela, né? O que ela viu, o que ela acha que estava acontecendo… e, aí sim, ir explicando. Mas assim, a criança não deveria ser exposta a essas situações. E quando ela for um pouquinho maior, é importante que ela também entenda que os papais namoram, que precisam ter o momento deles e que, algumas vezes, eles vão fechar a porta do quarto”, finaliza a psiquiatra infantil.

Fonte: Mulher


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